quarta-feira, 20 de junho de 2012


              
Achei muito interessante a abordagem deste artigo, a autora trabalha a TIC na educação de tal forma que nos obriga, como educadores, a pensar de como utilizá-la como instrumento de auxílio da prática pedagógica, cabe frisar isto, a questão pedagógica continua sendo o elemento principal no processo educativo.
Como podemos verificar no nosso dia-a-dia, a TIC é uma realidade, e sob esse prisma, discordo de cabe discussão a respeito de sua entrada ou não na escola. Hoje, até nas ações mais simples do cotidiano, a tecnologia está presente: transporte urbano, televisão, banco, pagamentos,..., ou seja, precisamos ser treinados para sua utilização, mais acima de tudo educado para o seu melhor desempenho. Naturalmente, que não podemos por “goela abaixo” a utilização do processo, tendo em vista, a diversidade dos atores envolvidos, mas cabe ao educador, e aqui cabe ressaltar o termo educador, pois entendo que este, imbuído do espírito de facilitador no processo de desenvolvimento do indivíduo, do seu progresso, tenha o bom senso necessário para dosar a implantação e utilização do sistema.
No artigo, observamos que a Quartiero dirige sua preocupação para o professor, no que diz respeito a sua capacitação técnica e instrumental: foco no processo pedagógico, relações em sala de aula, metodologia e outras. Neste aspecto, entendo que o aluno deve assumir valor preponderante nesse sistema, pois este, juntamente com o professor, são os dois pilares básicos no processo da utilização da TIC nas escolas. Dependendo da maneira como o aluno seja considerado nesta engrenagem, cabe o sucesso dos objetivos a serem alcançados na ação do ensino-aprendizagem.

quarta-feira, 13 de junho de 2012

A PERFORMANCE DO PROFESSOR FRENTE ÀS TIC
É notória a presença cada vez maior da Tecnologia da Informação e Comunicação nas salas de aula. Nas escolas particulares é quase que regra, e nas escolas públicas passa a ser uma preocupação mais constante dos gestores.

Independente das posturas utilizadas, nesta nova propositura, é inevitável à alteração profunda na visão do ensino e nas suas práticas, a inserção das TIC obriga o professor a buscar permanente atualização, torna-se necessário que o mesmo adquira novos conhecimentos e competências, principalmente para não se tornar um mero operador de máquinas.
É importante encarar a TIC no âmbito das práticas pedagógicas inovadoras e integrá-las nas disciplinas. A  tríade TÉCNICA + INSTRUMENTAÇÃO + COMPETÊNCIA favorecerá uma melhor dinâmica das ações de ensino, além de abrir um leque de perspectivas na condução do ensino, onde podemos citar:
a)      Organizar a comunicação
b)      Introduzir novos temas
c)       Trabalhar de forma presencial e virtual
d)      Maior tempo para o aluno
e)      Facilitar a construção do conhecimento
f)       Novas formas de avaliação



terça-feira, 12 de junho de 2012

INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS



A teoria das Inteligências Múltiplas, de Gardner, tem um enorme significado, pois derruba o mito da inteligência única. Esta teoria propõe uma inteligência mais dinâmica, compatível com a potencialidade humana. Infelizmente, temos o costume de valorizar uma em detrimento das outras, geralmente aquela que por um motivo ou outro se evidenciam devido algum evento marcante, virando febre, modismo, referência no mundo globalizado em que vivemos. Entendo que isso faz parte do processo de crescimento social, mas torna-se importante considerarmos as inúmeras capacidades existentes no ser humano e, sem pretensão de desejar um desenvolvimento total, procurar trabalhar a inteligência em que cada pessoa em particular é mais apta, que não necessariamente precisa estar incluída nas descritas na teoria das Inteligências Múltiplas. Desta forma, o educador precisaria conhecer melhor cada indivíduo para perceber nele a capacidade que lhe sobressai. Com esta ação, os resultados obtidos provavelmente seriam bem melhores, tendo em vista, a interdependências entre as inteligências.



Gaiolas e Asas
                                                                                 Rubem Alves

Os pensamentos me chegam de forma inesperada, sob a forma de aforismos. Fico feliz porque sei que Lichtenberg, William Blake e Nietzsche frequentemente eram também atacados por eles. Digo “atacados“ porque eles surgem repentinamente, sem preparo, com a força de um raio. Aforismos são visões: fazem ver, sem explicar. Pois ontem, de repente, esse aforismo me atacou: “Há escolas que são gaiolas. Há escolas que são asas”.
Escolas que são gaiolas existem para que os pássaros desaprendam a arte do voo. Pássaros engaiolados são pássaros sob controle. Engaiolados, o seu dono pode levá-los para onde quiser. Pássaros engaiolados sempre têm um dono. Deixaram de ser pássaros. Porque a essência dos pássaros é o voo.
Escolas que são asas não amam pássaros engaiolados. O que elas amam são os pássaros em voo. Existem para dar aos pássaros coragem para voar. Ensinar o voo, isso elas não podem fazer, porque o voo já nasce dentro dos pássaros. O voo não pode ser ensinado. Só pode ser encorajado.
Esse simples aforismo nasceu de um sofrimento: sofri conversando com professoras de segundo grau, em escolas de periferia. O que elas contam são relatos de horror e medo. Balbúrdia, gritaria, desrespeito, ofensas, ameaças... E elas, timidamente, pedindo silêncio, tentando fazer as coisas que a burocracia determina que sejam feitas, dar o programa, fazer avaliações... Ouvindo os seus relatos vi uma jaula cheia de tigres famintos, dentes arreganhados, garras à mostra - e a domadora com seus chicotes, fazendo ameaças fracas demais para a força dos tigres... Sentir alegria ao sair da casa para ir para escola? Ter prazer em ensinar? Amar os alunos? O seu sonho é livrar-se de tudo aquilo. Mas não podem. A porta de ferro que fecha os tigres é a mesma porta que as fecha junto com os tigres.
Nos tempos da minha infância eu tinha um prazer cruel: pegar passarinhos. Fazia minhas próprias arapucas, punha fubá dentro e ficava escondido, esperando... O pobre passarinho vinha, atraído pelo fubá. Ia comendo, entrava na arapuca, pisava no poleiro – e era uma vez um passarinho voante. Cuidadosamente eu enfiava a mão na arapuca, pegava o passarinho e o colocava dentro de uma gaiola. O pássaro se lançava furiosamente contra os arames, batia as asas, crispava as garras, enfiava o bico entre nos vãos, na inútil tentativa de ganhar de novo o espaço, ficava ensanguentado... Sempre me lembro com tristeza da minha crueldade infantil.
Violento, o pássaro que luta contra os arames da gaiola? Ou violenta será a imóvel gaiola que o prende? Violentos, os adolescentes de periferia? Ou serão as escolas que são violentas? As escolas serão gaiolas?
Me falarão sobre a necessidade das escolas dizendo que os adolescentes de periferia precisam ser educados para melhorarem de vida. De acordo. É preciso que os adolescentes, é preciso que todos tenham uma boa educação. Uma boa educação abre os caminhos de uma vida melhor.
Mas, eu pergunto: Nossas escolas estão dando uma boa educação? O que é uma boa educação?
O que os burocratas pressupõem sem pensar é que os alunos ganham uma boa educação se aprendem os conteúdos dos programas oficiais. E para se testar a qualidade da educação se criam mecanismos, provas, avaliações, acrescidos dos novos exames elaborados pelo Ministério da Educação.
Mas será mesmo? Será que a aprendizagem dos programas oficiais se identifica com o ideal de uma boa educação? Você sabe o que é “dígrafo“? E os usos da partícula “se“? E o nome das enzimas que entram na digestão? E o sujeito da frase “Ouviram do Ipiranga as margens plácidas de um povo heroico o brado retumbante“? Qual a utilidade da palavra “mesóclise“? Pobres professoras, também engaioladas... São obrigadas a ensinar o que os programas mandam, sabendo que é inútil. Isso é hábito velho das escolas. Bruno Bettelheim relata sua experiência com as escolas: “fui forçado (!) a estudar o que os professores haviam decidido que eu deveria aprender – e aprender à sua maneira...”.
O sujeito da educação é o corpo porque é nele que está a vida. É o corpo que quer aprender para poder viver. É ele que dá as ordens. A inteligência é um instrumento do corpo cuja função é ajudá-lo a viver. Nietzsche dizia que ela, a inteligência, era “ferramenta“ e “brinquedo“ do corpo. Nisso se resume o programa educacional do corpo: aprender “ferramentas“, aprender “brinquedos“. “Ferramentas“ são conhecimentos que nos permitem resolver os problemas vitais do dia a dia. “Brinquedos“ são todas aquelas coisas que, não tendo nenhuma utilidade como ferramentas, dão prazer e alegria à alma. No momento em que escrevo estou ouvindo o coral da 9ª sinfonia. Não é ferramenta. Não serve para nada. Mas enche a minha alma de felicidade. Nessas duas palavras, ferramentas e brinquedos, está o resumo educação.
Ferramentas e brinquedos não são gaiolas. São asas. Ferramentas me permitem voar pelos caminhos do mundo. Brinquedos me permitem voar pelos caminhos da alma. Quem está aprendendo ferramentas e brinquedos está aprendendo liberdade, não fica violento. Fica alegre, vendo as asas crescer... Assim todo professor, ao ensinar, teria que perguntar: “Isso que vou ensinar, é ferramenta? É brinquedo?“ Se não for é melhor deixar de lado.
As estatísticas oficiais anunciam o aumento das escolas e o aumento dos alunos matriculados. Esses dados não me dizem nada. Não me dizem se são gaiolas ou asas. Mas eu sei que há professores que amam o voo dos seus alunos. Há esperança...


Parafraseando  o José Simão, ”continuo minha batalha” para entender educação.
Este texto do Rubem é mais um daquele que nos coloca a refletir sobre o assunto. Entendo, até pela experiência que deu origem ao texto, alunos de periferia, que gaiolas e asas fazem parte integrantes do desenvolvimento do ser. Apesar te termos na essência a liberdade e o conhecimento, a cada experiência, precisamos de elemento que nos deem os indicativos necessários para que o voo a ser alçado fique mais belo e amplo, ou seja, alguns vão precisar de mais orientações que os outros.
Naturalmente que não estou me referindo as amarras ditatoriais que pretendem conduzir o indivíduo para objetivos idealistas, digo pretendem, porque por mais que queiram não conseguem, em algum momento o voo vai ser alçado, é a essência.
Acredito que de acordo com as condições que se apresentam, neste caso podemos considerar, questões psicológicas, sociais, físicas, ambientais, hoje porque não dizer, de raça, dentre outras  variáveis, torna-se necessário olharmos individualmente para o aprendiz,  e aí chegaremos  a conclusão que alguns necessitariam ser podados, outros cerceado, outros motivados, outros controlados, outros impulsionados, ou seja,  na atual conjuntura que vivemos as gaiolas não são somente uma realidade, mas  ainda uma necessidade, até que todos que copõem o sistema: professor, aluno, políticos, críticos, escritores, homens de boa  fé, ...,  deem as condições necessárias para  se  alçar somente voos.


                                     Gaiola para alçar voo, ainda é assim na floresta
    A PEDRA
A pedra foi lançada no rio. A partir deste instante ela estará a mercê da força das águas, dos elementos que constituem o leito, a margem, de terceiros, .... Ela contará apenas com sua força gravitacional, para trilhar os caminhos da correnteza.
Espero que ela aproveite esta oportunidade da natureza, para ao final da viagem, não só sair polida e bela, mas acima de tudo que possa contribuir, durante sua trajetória,  com os elementos que fizeram parte de seu caminho.